Fritz Plaumann

De Biografias - Entomologistas Brasileiros

Nota do Editor: Apesar da sua origem Européia, o projeto Entomologistas do Brasil, entende que sua vida como Entomologista (Entomólogo) foi no Brasil, por isso esta homenagem. Fritz Plaumann (1902-1994) - foi entomologista e pesquisador.

Fritz Plaumann
Imagem: Fritz Plaumann

Área de Atuação

Taxonomia, Sistemática, coleção entomológica

Biografia

Oriundo da Prússia Oriental (atual Lituânia), Fritz Plaumann mudou-se com a família para o Brasil em novembro de 1924, instalando-se no oeste do estado de Santa Catarina. No mesmo ano, iniciou seus estudos sobre as espécies de orquídeas e de insetos da região, que se estenderam até 1994. Em 70 anos de trabalho, catalogou cerca de 80 mil exemplares de 17 mil espécies diferentes de insetos, dos quais 1.500 eram desconhecidas da ciência.

Durante sua vida, recebeu diversas homenagens. Em 1985, obteve a Medalha do Mérito Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. No início de 1991, recebeu a mais alta condecoração do campo da ciência da Alemanha: a Grã-Cruz do Mérito Científico. Também foi considerado o "maior colecionador de insetos da América Latina do Século XX" pelo presidente da Californian Academy of Science. Em 1992, obteve a Medalha do Mérito Anita Garibaldi do governo de Santa Catarina .

No dia 23 de outubro de 1988, foi inaugurado, em sua homenagem, um dos maiores museus entomológicos da América Latina: o Museu Entomológico Fritz Plaumann, no distrito de Nova Teutônia, na cidade catarinense de Seara. O museu possui todo o acervo de espécies coletadas por Fritz Plaumann. Em 1991, recebeu a Grã-Cruz do Mérito Científico da Alemanha, a mais alta condecoração do gênero concedida por seu país de origem.

Também foi homenageado por outros pesquisadores, com o batismo de diversas espécies descobertas com o seu nome, como os besouros Atenisius plaumanni, Aleiphaquylon plaumanni e Ormeta plaumanni. Há também um parque ecológico que leva seu nome, localizado na cidade de Concórdia: o Parque Estadual Fritz Plaumann, criado em 2003.

O Centro Acadêmico do Curso de Agronomia da Universidade do Estado de Santa Catarina leva seu nome, como homenagem aos seus serviços prestados à ciência e formação estudantil em cursos de Ciências Agrárias e Ambientais.

O nome de Fritz Plaumann está gravado em vários livros de ciência em todo mundo. Em 70 anos de trabalho, o pesquisador descobriu cerca de 1.500 novas espécies de insetos. Com isso, ganhou o direito de batizar centenas desses pequenos seres. Hoje, o nome de Plaumann é encontrado em famílias de insetos (Plaumanniolinae e Plaumaniidae), subfamílias (Plaumanninae, Plaumanniinae e Plaumanniolinea) e diversos gêneros.

Sem formação acadêmica, o pesquisador conseguiu sozinho montar equipamentos e um laboratório na sua casa em Nova Teutônia. Aos poucos, reuniu 80 mil exemplares de 17 mil espécies diferentes. Os armários artesanais, que guardaram a coleção por vários anos, possuíam um sistema de climatização construído pelo próprio cientista.

Além de colecionar insetos, Plaumann realizou muitos estudos de zoologia, astronomia e meteorologia. Em seis documentos constam apontamentos sobre a quantidade de chuva, umidade, vento e temperatura, colhidos desde 1924, sem falhar um dia, por mais de 70 anos. Trocando livros por insetos, constituiu uma biblioteca com mais de 2 mil volumes. Fritz ainda teve o cuidado de colecionar os envelopes das correspondências que recebeu de entomólogos de todo o mundo.

Em vários momentos, ele sofreu assédio de universidades nacionais e internacionais para vender seu acervo. Em 1976 chegou a fechar contrato com a Universidade Federal do Paraná, mas acabou voltando atrás. Somente no final dos anos 70 a Prefeitura de Seara passou a ajudar o cientista e adquiriu os direitos sobre a coleção. Hoje ela está exposta num museu construído em frente à residência de Plaumann em Nova Teutônia. O dinheiro para a construção do museu foi doado pela Prefeitura, pela UFSC e pelo governo da Alemanha. As visitas são feitas de segunda a sexta-feira e precisam ser marcadas com antecedência no caso de grandes grupos.

Hoje são 80 mil exemplares de 17 mil espécies diferentes, adequadamente preservados em condições ideais de umidade e temperatura, que formam um acervo entomológico (entomologia é o estudo dos insetos) que não poderá ser igualado, pois mais de 70% das 17 mil espécies catalogadas já não existem mais, reunidas no Museu Entomológico Dr. Fritz Plaumann, construído em frente de sua casa pela prefeitura de Seara e pela Fundação Catarinense de Cultura, com o apoio do Banco do Brasil, hoje, um convênio entre a UFSC e a prefeitura de Seara (detentora do acervo), administram o museu e garantem a proteção à grande obra de Fritz Plaumann. São gafanhotos, bichos-pau, moscas, vespas, percevejos cigarras, baratas, abelhas, louva-a-deus, besouros, lavadeiras, neurópteros e borboletas diurnas e noturnas com indescritíveis combinações de cores e tons.

No caso das borboletas, as musas da coleção, o cientista teve a preocupação de demonstrar a evolução completa do inseto, do estado larval ao adulto. Ele adotou esse mesmo critério em relação às espécies importantes para o estudo de doenças humanas, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela.

Dos exemplares da coleção, a maioria (95%) é da região do Alto Uruguai, que ele começou a explorar assim que se instalou em Nova Teutônia, município de Seara. O começo foi árduo. Tinha de dividir o tempo entre o trabalho duro de amanhar a terra como agricultor, as tarefas de professor (responsável pela alfabetização de várias gerações de habitantes da região) e o estudo de entomologia. Foi também fotógrafo ambulante e comerciante. Em meio a essas atividades, ainda arranjava tempo para enveredar pelas florestas do Alto Uruguai, em busca de insetos. Nessas ocasiões, um cão era o seu único e fiel companheiro. Só na década de 50 ele teve mais tempo e recursos para se dedicar às pesquisas. Nessa época, com um caminhão International ou um jipe importado, rodou pelo Pantanal, pelo oeste e norte paulista e até pelo Rio de Janeiro em busca de novas espécies.

Fritz Plaumann faleceu às 9h45min do dia 22 de setembro de 1994, por problemas respiratórios. Sua vida é relatada no livro O Diário de Fritz Plaumann, lançado em 2001 pela escritora Mary Bortolanza Spessatto, e no episódio O Colecionador de Insetos, do programa Santa Catarina em Cena, da RBS TV, exibido em julho de 2009.


Fontes

1. Wikipédia

2. Fritz Plaumann: O caçador amoroso. Por Jean Carlos Souza

3. Museu Entomológico Fritz Plaumann>