Angelo Machado

De Biografias - Entomologistas Brasileiros
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Angelo Machado - Foi um Médico (1934-2020), entomologista e pesquisador brasileiro.

Área de Atuação

Sistemática, Odonata, Livros de Entomologia

Biografia

Angelo Barbosa Monteiro Machado, nascido em Belo Horizonte a 22 de maio de 1934².

O pesquisador Angelo Machado tem o hábito de dar grandes saltos de tempos em tempos. Médico formado, especializou-se em neuroanatomia. Uma vez aposentado, prestou concurso em zoologia e virou um renomado entomólogo. Aos 50 anos começou a escrever livros para crianças e hoje é autor consagrado. Simultaneamente a essas atividades, trabalha como ambientalista com ênfase na preservação de espécies ameaçadas de extinção. Aos 72 anos, ele voa sobre todos esses assuntos com a leveza de um inseto. Para ser mais preciso, como se fosse uma libélula, bicho pelo qual nutre fiel paixão desde os 15 anos de idade¹.

Convidado pelo respeitado entomólogo Newton Santos (1916-1989) para aprimorar seus conhecimentos sobre insetos no Museu Nacional do Rio de Janeiro, não hesitou em aceitar o convite. Hospedado na casa do tio Aníbal Machado (1894-1964), aproximou-se dos intelectuais que aos domingos acorriam à residência do ilustre escritor, em Ipanema, para participar das famosas ‘domingueiras do Aníbal’. Foi assim que começaram a se solidificar as bases de um terreno que só mais tarde exploraria com afinco: a literatura e o teatro².

Antes mesmo de ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), começou a fazer uma histologia de ponta ao lado do especialista Wladimir Lobato Paraense (1914-2012), que trabalhava no escritório do Instituto Osvaldo Cruz em Belo Horizonte. Foi o início de uma brilhante carreira do morfólogo que depois se especializaria em ciências do cérebro².

Natural de Belo Horizonte, Angelo Machado passou toda sua vida de pesquisador na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – com a exceção de dois anos e meio vividos em Chicago, Estados Unidos, na Universidade de Northwestern, onde fez pós-doutorado. Escreveu mais de cem artigos científicos sobre neurobiologia e entomologia e descreveu 48 novas espécies e quatro gêneros de libélulas. Ao mesmo tempo, seu nome foi incorporado a 27 seres vivos, entre libélulas, borboletas, besouros, aranhas e até um fungo, como homenagem de outros pesquisadores ao seu trabalho¹.

Com a naturalidade dos predestinados, que mantêm um olho vivo no presente e outro bem assestado no futuro, Angelo sempre agarrou com determinação as boas chances que a vida lhe ofereceu. Hoje, aos 79 anos, ia (adaptado de vai) duas vezes por semana ao Departamento de Zoologia da UFMG – do qual foi professor ao se aposentar no Departamento de Morfologia da mesma universidade – e trabalha 10 horas diárias em casa, pesquisando sobre libélulas ou escrevendo artigos científicos, peças de teatro e livros de literatura infantojuvenil².

Hoje a produção científica exuberante parece interessá-lo menos que seu hobby atual, escrever para crianças. Embora ainda esteja ativo como pesquisador e professor emérito da UFMG, Machado descobriu o universo fantástico da literatura infantil há 20 anos. Ao mesmo tempo que conta histórias ensina um pouco de biologia em seus livros, o que no início rendeu diversas críticas dos que não acham ser possível conciliar literatura com ciência¹.

Pai de quatro filhos – Lúcia, Flávia, Paulo Augusto e Eduardo – e avô de seis netos, Machado é casado com Conceição, pesquisadora em biologia celular. No início da carreira, ela realizou e publicou trabalhos com o marido e ambos criaram o Laboratório de Neurobiologia da UFMG. Há cerca de 25 anos Machado foi para o Departamento de Zoologia e Conceição continuou na mesma linha de pesquisa onde está até hoje. Juntos, são o único casal da Academia Brasileira de Ciências¹.

O saldo de uma vida dedicada à pesquisa e à escrita pode ser contabilizado nos 130 artigos científicos que publicou, nas inúmeras espécies zoológicas descritas em sua homenagem e nos muitos prêmios que recebeu, entre eles o Henry Ford de Conservação do Meio Ambiente, em 1998, o José Reis de Divulgação Científica, em 1995, e o Jabuti de Literatura infantojuvenil, em 1993, por O velho da montanha: uma aventura amazônica. Além deste, publicou outros 35 livros para crianças e adolescentes².

Nos deixou aos 85 anos em 06/04/2020. A ciência e a entomologia agradece e sua primorosa contribuição.


Fontes

1. Revista Pesquisa Fapesp - Entrevista: Entre livros e libélulas

2. Ciência Hoje 306 - 2013 - Neurociência, Libélula e Literatura